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Luiz Carlos Dias, Professor.


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Lembranças (do futuro do pretérito...)

 E se... Seria um texto se não fosse o tempo; já não brotam as palavras que regam, pouco a pouco, as folhas deste caderno.


Cíntia cruzara com os olhos cada canto escondido do ambiente modorrento da sala de aula, não sabia o que continuar tecendo com as linhas estipuladas pelo cabeçalho da avaliação de produção de texto, mais frequente e normal.  Havia dúzias de metáforas, centenas de comparações (o olhar do bêbado equilibrista, os passos do professor de pernas retilíneas, o som do ranger de dentes do menino estranho da porta...), tudo era um possível impossível: paradoxo juvenil.  Mas, cada toque da ponta da caneta no papel, era um aborto da imaginação. Quis a garota buscar, de sobressalto, uma palavra, uma sílaba, um fonema; queria a voz que inexistia. Ah! Que tristeza! Seria cômico se não fosse trágico. O papel em branco e a vida colorida fugindo pela janela daquela manhã de quarta-feira. As cabeças baixas sobre o tempo interminável da avaliação lembravam a sentença de um futuro incerto. Cíntia notou que seus parceiros, cúmplices da mesma dor, também buscavam o amanhã muito breve: era Maio, o clímax de um longo livro de aventuras. Ela desejou profundamente, num suspiro romântico de poeta idealista, que as coisas fossem infindáveis – aqui ou lá.  Desejou levantar a voz, gritar, sorrir, abraçar, dizer que há amar em cada gota do mar... Desejou não se separar daquela sala de aula com seus cantos modorrentos e incertezas estudantis.  Cíntia fechou os olhos para o mundo de fora, voltou-se para o de dentro. E descobrindo os pontos, desfez os nós do coração. Cíntia estava amadurecendo e, se não fosse o tempo, voltaria amanhã. Tocou o derradeiro sinal e, com ele, o coração batia no compasso das lembranças.  





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