Construção
Por Ralph Holzmann
Não tem dizer meu que não seja teu, que não seja de nós dois.
Este castelo de cartas tem bases de cimento, que começa moldável e termina rígido.
(Tão rígido quanto o olhar sob o perdão).
Rígido, porém sustentando todas as outras cartas do castelo
(já não tão sólido)
Sujeito ao vento, sujeito ao ódio, sujeito aos acidentes.
Sujeito ao fogo. Sujeito à vida como definem os que não creem.
E eu já não creio.
Você já não crê.
Somos então o cimento.
E quem são os tijolos?
Uma pseudo-análise de um futuro não tão distante.
Por Ralph Holzmann
Não pedi que deitasse no divã à toa. Você me pede a racionalização do que sente, mas psicologicamente não há nada mais racional que sentir. E você sabe disso. Não negue que o que eu disse naquelas noites de inverno (somos anti-shakespearianos, agora que paro para pensar) fazia tanto sentido quanto fez pra mim. Mas, olhos nos olhos, você não é quem era no inverno, porque quando fez Verão você cedeu seu calor ao Sol. E nem eu sou quem era no inverno, pois há sempre a desilusão de ver este mesmo Sol se pôr, claro e limpo. E você aceitar o divã parece mais uma das inúmeras formas de aceitação de que eu preciso dizer-te como agir. Então parta, atravesse as estações como se fossem novas, e talvez eu te veja no próximo inverno.