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Luiz Carlos Dias, Professor.


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Crônica do primeiro amor


O caminho do trabalho a casa me trouxe uma memória muito grata: o meu primeiro amor. Lembrei-me da quinta série (sexto ano), da sala de aula com seus trinta e seis alunos, jovens adolescentes; e da garota que enfeitiçou meu coração juvenil. O nome dela: Monique. Linda! Cabelos loiros, pele branca, sorriso fantástico, nariz perfeitamente delineado, olhos verdes (e como amo olhos verdes!). E inteligente! Afinal, uma mulher inteligente, mesmo que na mais tenra idade, é algo extremamente sedutor: abre caminhos para o diálogo. Eu? Ah! Estranhamente, tímido. Sem óculos, mais cabelos do que normalmente (o tempo derruba os seres humanos pouco a pouco), um tanto inteligente, vestindo o uniforme passado no final de semana. A quinta série c, tudo eram novidades para mim. A escola eu já conhecia, fiz o ensino fundamental inteiro nela. Eu sentava três carteiras a frente dela. Éramos, no começo, bons amigos. Mas, então, passou a primeira carta: papel tirado do caderno, com as letras tortas e coloridas, e um cheirinho gostoso de maçã verde. Naquele pedaço de papel, histórias, que não lembro mais (talvez algo infantil, mas o amor tem de ser infantil, para ser memória), eram compartilhadas. A paixão havia tomado à sala de assalto: eu estava amando. O coração acelerado cada vez que eu a via, as mãos juntinhas no intervalo, o brilho nos olhos... Inúmeras cartas de admiração. Beijar? Não! Era amor de ficar juntinho, de querer estar acompanhados, de descobrimentos. Inocente. Sem preocupações ou cobranças adultas. Vivo! Durante vários anos, dividimos as experiências que a vida vai lentamente depositando em nossos ombros. Quando vi, estávamos na oitava série, e, por tanto, minha vida, a partir daquele momento, começava a querer me levar para outros cantos, proporcionar tantos encantos. A separação é muito chata, destrói o peito, faz a dor verter em lágrimas. Mas, amor com cobranças mata o calorzinho que enche o canto dos olhos de querer mais. Não queria voltar no tempo... Não! A Monique me fez muito feliz, permitiu que o menino fosse transformado em homem. Ela me fez querer gostar ainda mais das mulheres (a mais gostosa é aquela que te faz mais feliz, e não aquela com o delinear perfeito do corpo (este a natureza leva)). Sei que, onde quer que ela esteja, a vida foi contente com ela, e a tornou mulher grandiosa: cheia de vida. O metrô estava cheio. Enquanto olhava pela janela, cansado por causado do trabalho, via-me naquela sala de aula mais uma vez. Ouvia a professora fazer a chamada, os meus colegas ocuparem as carteiras vazias. Sentia o toque dos dedos juvenis da musa inspiradora ao segurar o braço esquerdo do poeta canhoto. Depois da quinta série, o amor tornou-se mais intenso, menos inocente. O amor mostrou sua face amarga; o quão cruel pode ser estar junto e ter de partir. O amor nunca mais foi aquele, porque só há um amor de quinta série, só há uma vez na vida para tudo aquilo que se é feito pela primeira vez.
Era o tempo e nada mais!






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