O FAROL DAS LETRAS |
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O Arqueiro Celestial
Senhor o que posso eu fazer diante dos pecados da humanidade? Nada; pois, a vida é feita de escolhas. Qual a sua? Não, isto não é uma história em que você pode retirar alguma lição para sua vida perdida. Aqui, há somente alguns personagens os quais, ao longo destas linhas tortuosas, irão se encontrar rapidamente. Manhã de segunda feira, Gabriel se levanta um tanto confuso por causa da bebedeira do final de semana. Foram vinte e quatro horas ligadão. O quarto dele é um tanto aconchegante: as janelas de madeira nobre ficam diante da cama num quarto extremamente espaçoso. Há quadros de pintores famosos espalhados por todos os cantos e alguns potes de tinta ainda permanecem sobre a mesa pequenina que um dia fora encontrada num lixão e prontamente reparada por Gabriel. Seus pés tocam o tapete felpudo na procura pelos chinelos. Um largo sorriso imediatamente percorre seu rosto branco, o que deixa seus olhos verdes mais evidentes. O cabelo castanho cumprido, um tanto bagunçado, ainda cheira à cerveja. Ele abre as janelas do casarão e o sol da manhã entra tão voraz que o deixa um tanto confuso; a visão demora a se tranquilizar. O longo jardim o acompanha de perto. Ah! Se mamãe soubesse dessa beleza, ela ainda poderia estar aqui ao meu lado. Desde o acidente, Gabriel entragara-se a bebedeira e nunca mais pintou. Nem mesmo a pedido de Amanda; por isso, depois de muito tempo separados, Amanda desistiu e viajou para a Inglaterra a trabalho. Tinha terminado a faculdade e estava pronta para entregar sua vida a Gabriel, mas ele se negou. Disse que tudo estava indo muito de pressa e sua mãe acabara de falecer e ele deveria cuidar dos negócios da família. A pintura seria um sonho para talvez, se assim existir, uma outra vida. Nesta ele se sentia como um corpo sem alma vagando por um mundo desconhecido. O caminho do quarto até a sala é longo e confuso; como podia se perder em sua própria casa? Uma casa que conhecia tão bem?! Um presente, uma herança, isso sim é esta casa com estes móveis tão antigos quanto os livros pelos quais seu pai, um diplomata respeitada em todos os lugares do mundo, gostava tanto. Foi a partir desses livros que Gabriel interessou-se pela arte. Em primeiro lugar os livros mais finos e de aventuras; depois os mais grossos e sobre filosofia. Seu pai tentara ensiná-lo a escrever alguns versos, mas não tinha o talento criativo para tal; ele sabia disso. Os únicos versos de sua vida foram entregues a Amanda que os lia todos os dias no metrô a caminho da universidade. Ela até os usou em sua monografia de conclusão de curso. Gabriel achou aquilo um absurdo, todavia não escondeu a felicidade do êxito. Na despedida da namorada, os versos ficaram sobre a mesa da cozinha junto à xícara de café com o logo do time do coração. Ao descer as escadas e encontrar os movéis embalados para mudança, nota que a sala, que já era gigante, está muito maior sem as tralhas da mãe. A única peça de arte que continua na parede é um arco com uma flecha. Curioso pensar que foi por causa daquele arco e flecha que seu pai morrera. Durante anos, sua mãe procurou uma respota para o acidente; algo que a confortasse; quem sabe uma notícia dos céus. Por que Deus tinha feito isso com ela? Eu o amava imensamente desde os meus dez anos de idade, quando nos encontramos na quarta série do Colégio Pedro Leopoldo... Deus o levara sem ao menos deixar uma mensagem de justificativa. Gabriel se culpava por isso; afinal, na vespera da morte do pai, ele havia pegado o carro escondido para levar os amigos a um esquenta, uma festa. Naquela noite, a bebida corria pela sua veia como os carros por uma avenida movimentada. Ele ficou tão chapado que ao pegar o carro, só parou quando encontrou um poste e morte de alguns amigos queridos de infância. O pai tinha ido a uma viagem diplomática na Itália e ao voltar recebera a notícia com profunda tristeza. Conversou com o filho rispidamente, mas Gabriel virava os olhos, torcia os lábios como quem diz eu não preciso de sermão, velho. O arco e estava com a flecha armada sobre a mesa de imbuia. Gabriel não pensou duas vezes, pegou-o e apontou para o pai dizendo que se aquela tortura continuasse, ele soltaria a flecha. Foi o que fez - a flecha disparada acertou o peito do pai. A discussão parara por ali; no meio da sala, o cadáver do pai diante dos pés bêbados do filho. A família inteira não conseguiu sustentar as pedras que rolaram após esse incidente. A mãe passou a culpar Gabriel e, de certo modo, ele era culpado. Seu único halibe era o fato de estar alcoolizada quando tudo aconteceu. Mesmo assim, ele tinha provocado a morte do pai. Os advogados fizeram de tudo para que a condenação fosse pequena. E foi, e, depois de alguns anos, Gabriel estava de volta à casa - o assasino encontra novamente sua cosnciência em decomposição. ![]() |
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