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A loja de doces da Sra. Mafalda

terça-feira, 12 de outubro de 2010 06:06 - 2 Comentário(s)

Era outrubro, as crianças, no seu percurso normal à adolescência, passavam indiferentes à loja de doce. Sra. Mafalda - uma mulher de quase setenta anos, cabelos grisalhos presos num coque. Altura mediana. Viúva há dez anos. Sem amigos. Confesso que, de certo modo, muito estranha, sombria; brincadeira. Todos da vizinhança não notavam o que, um dia, fora uma especial loja de doces. A loja gigante ficava entre a avenina principal e a rua dos bombeiros. Longas portas trituradas pelas traças insistiam em permanecer em pé. Naquele outubro, a Sra Mafalda pensava no quão bom seria se o seu marido ainda estivesse vivo; talvez, se isso fosse possível, as crianças, tão admiradas por ele, não teriam sumido de repente das calçadas pintadas em forma de arco-íris. O colorido havia sumido daquela esquina. Sem filhos que lhe ajudassem na velhice, a pobre senhora caminhava em direção à loja na intenção de não morrer: ela queria continuar a respirar, a imaginar.
Ao abrir a porta naquela terça-feira, Sra Mafalda parou assim que viu o fato mais extraordinário dos últimos anos: um menino, de olhos atentos,calças coloridas apertadas, e um par de óculos vermelhos, admirava a vitrine da loja. Ele ainda segurava o material da escola e era muito audível o som que vinha do seu MP5...