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Luiz Carlos Dias, Professor.


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A Balada Das Três Caveiras

Num lugar bem longe do real, vivem ou morrem, como queiram, três caveiras: Tico-Tico, Teco-Teco e No-Fubá. Eles são irmãos e estão se preparando para a primeira balada deles. A mãe, Dona Sepultura, recomendou tudo o que pode. Nesse momento, ela está arrumando as teias de aranha da cabeça. O pai, o Sr. Foice, está viajando por entre os mundos, resgatando as almas perdidas. O lugar da balada chama-se Madworld, frequentado por gente da alta Grave, a sociedade das caveiras juvenis.



Tico-Tico é o menor deles, logo, o mais jovem. Isso é muito estranho, não acha? Uma caveira ser jovem, quando, na verdade, ela está velha, pois morreu. Mas, como tudo o que digo é ficção, ela está viva, só que ao contrário. Pois bem, por ele ser o mais jovem, está confuso, mal consegue se equilibrar sobre os ossos brancos. Já No-Fubá não, esse sim é esperto, descolado, até mesmo dos ossos. Teco-Teco é o Nerd da família, quer mesmo é ser investigador de túmulos. O Sr. Foice disse que não, onde já se viu um filho dele trabalhar como servente. Tem que ser chefe do DRA: Departamento de Resgate de Almas.


Dona Sepultura, apreensiva pela saída dos filhos, avisa para que eles não cheguem cedo. No-Fubá, por ser o mais velho, está com cara de pé-no-saco, Teco-Teco termina de passar uma espécie de cera-gel no crânio esbranquiçado e Tico-Tico, bom, ele ainda está tentando segurar as últimas costelas de nervosismo. A balada começará as 3h00, hora perfeita, e, ainda por cima, é noite de lua cheia. No caminho para a Madworld, Tico-Tico é o que está mais para trás. Os mais velhos gritam com o pobre, isso tudo só porque ele é tímido, mas quem não é, né?



MADWORLD: ONDE SEUS OSSOS DESCANSAM EM FESTA!


Pronto, lá estão os três diante do segurança, esperando para entrar. Ingresso, Ingresso, por favor. Os três retiram uma das costelas e entregam para o Máscara da Morte. No-Fubá saí de perto dos irmãos e se encontra com a turma do colégio. Teco-Teco olha o grupo de investigadores de túmulos juvenis e Tico-Tico, sozinho, se perde no meio da galera. O lugar está cheio de caveiras juvenis, todas aguardam a banda sensação: Jonas Tombrothers.
De repente, as luzes se apagam e o chão do túmulo central começa a subir. Dele, saem três caveiras cantantes. Elas se apresentam e se preparam para cantar a música tema do álbum: Tumbalacatumba. Um sucesso da década de 80 ossos regravado digitalmente. Há uma agitação total, as luzes piscam e o gelo seco cobre todo o ambiente. Tico-Tico tenta ver o grupo, mas é pisoteado por várias caveirinhas do fã clube.
Elas seguram os pôsteres feitos com pele de dragão albino. No-Fubá, nesse momento, se enrosca com uma caveirinha do colégio, uma série a menos do que ele e Teco-Teco joga Adventure death com os colegas do grupo.
Jonas Tombrothers acenam, mandam beijos, pedem para que a galera levante os ossos. A agitação é total, incrivelmente do outro mundo, loucura, loucura. Tico-Tico recebe novamente um empurrão, queria ir para tumba, mas é menor de idade e se a patrulha pegar, manda pro Rex comer. Ele, então, decidi ir sentar, já que não consegue ver nada. No caminho, ah, no meio do caminho tinha uma caveirinha, tinha uma caveirinha no meio do caminho. Não era uma qualquer, esta era diferente. Ele sabia disso, porque sentiu os ossos saltarem e, de certo modo, corarem. A música para, começa uma mais lenta. Tico-Tico olha a caveirinha nos olhos lindamente vazios. Ela deve ser do colégio, ele não sabe, nem se importa. Sente um furacão preencher os espaços entre os ossos brancos. Ela se aproxima, ele finge não perceber. Ela estende os dedos ossudos. Ele dá um passo pra trás e pega um copo com larvas para beber. O copo cai da mão dele, ao se baixar para pegar, Tico-Tico acha que ela foi embora, mas ao se levantar, sente um perfume de túmulos frescos: nova fragrância teen. Ela está diante dele, tão colada, tão entregue. Tico-Tico estende o braço e oferece o copo com larvas. Ela o pega e coloca sobre a mesa próxima.


- Você é o Tico-Tico, né?


- Sim, por quê?


- Nada, não. Gosto tanto dessa música. E você?


- Também.


- Olha, acho que, daqui a pouco, vou embora. Minha irmã mais velha tá aí também.


- Os meus irmãos também.


A caveirinha se aproxima ainda mais e fala bem perto do ouvido de Tico-Tico.


- Acho você uma caveira bem gostosinha. Não quer dançar?!


Pronto, nesse momento, morcegos voam, as aranhas saltam, tudo é diferente. A pista de dança se abre para Tico-Tico e a caveirinha. Eles dançam no ritmo da música. No-fubá não acredita no que vê. Vai nessa! Esse é dá família. Tico-Tico passa as mãos pela cintura da parceira de dança e abraça-a de forma que os crânios juvenis ficam colados. O gelo seco cobre a pista e a banda toca cada vez mais alto. Quando a música para novamente e a fumaça desaparece, a única coisa que sobra na pista é um beijo, por sinal, o primeiro dele e dela. Enfim, Tico-Tico se apaixona e tem seu momento de “felicidade.”
A balada acaba, é hora de voltar. As despedidas são sempre chatas, mas dessa vez, Tico-Tico terá motivos para acelerar os passos. E, na tumba, dormir esperando sua caveirinha nos pesadelos juvenis.






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